quarta-feira, 28 de abril de 2010

morrer é ridiculo!

A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.

Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da
tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer.
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu.
Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente.

De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.

Qual é? Morrer é um cliche.

Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em
casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.

Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas
cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e
morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito.
Isso é para ser levado a sério?

Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo.
Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz.

Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas.

Só que esta não tem graça.

escolhas de uma vida

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...

domingo, 25 de abril de 2010

agora

Muitas coisas deixadas de ser vividas, muito tempo se passou desde aquele janeiro, daquele primeiro encontro, daquele primeiro beijo, de coisas que eu daria quase qualquer coisa pra viver novamente. Emoções contidas, verdades escondidas.. que não sairam da boca, simplesmente por medo. Medo de não ser correspondida, de mais uma vez ter seu coração partido.
É, as vezes tem que pensar 'não aconteceu, porque não era pra ser' mas é difícil, sabe? quando você realmente quer que aconteça, mas você está tão longe que simplesmente não dá, tudo está contra você. E o que resta é esquecer, tentar encontrar novamente esse amor que você um dia ja sentiu, em outro alguém e tentar ser feliz.
Lidar com isso, não é fácil, esquecer um amor nunca é, porém é necessário. Seguir a vida, estar aberta novamente as pessoas e tentar se aproximar de alguém mais uma vez. Eu sei que não vai ser fácil, mas é preciso, não dá mais pra continuar assim, sofrendo e sabendo que não tem mais jeito. Agora é apertar o botão 'move on' e seguir em frente.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O amor me espera lá dentro


Aqui já passa das três
O dia está lindo
Mas nem dez mil dias assim
Vão fazer passar a saudade que eu sinto

Estou pensando em você
O tempo não passa
Aqui, neste quarto de hotel
Eu sinto a tua falta

Estou pensando em nós dois
Aqui eu comigo
Nem as quatro paredes do quarto de hotel
Escutam o que eu digo

Te ligo mais tarde outra vez
Te conto meu dia
Parece tão perto a tua voz
Mas não tão perto quanto eu queria

Estou pensando em você
O tempo não passa
Aqui, neste quarto de hotel
Eu sinto a tua falta

O Amor me espera lá dentro
Entre as coisas que eu conheço
Móveis, vozes e aromas
Os quadros e sentimentos
Eu trago o mundo de volta
E tudo o que ele me deu
Pra colorir nossa casa
Pra dividir com você

Porque tudo o que eu preciso
Tudo agora e pra sempre
Me espera atrás dessa porta
O Amor me espera lá dentro

Eu já me vejo descalço
Lavando o escuro da alma
Pra mergulhar nos seus braços
Pra respirar sua calma
A chave na fechadura
É a chave dos sentimentos
Me alegro só de pensar
Que o amor me espera lá dentro

domingo, 18 de abril de 2010

condicional

eu sei é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim
do que eu preciso é lembrar, me ver
antes de te ter e de ser teu
o que eu queria o que eu fazia o que mais?
e alguma coisa a gente tem que amar
mas o que não sei mais
os dias que eu me vejo só
são dias que eu me encontro mais
e mesmo assim eu sei também
existe alguém pra me libertar

quinta-feira, 15 de abril de 2010

a flor



Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim
Mas mesmo assim...
Minha flor serviu pra que você
achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu...

sábado, 10 de abril de 2010

tarde demais


Tarde demais é uma expressão cruel.
Tarde demais é uma hora morta.
Tarde demais é longe à beça.
Não é lá que devemos deixar
florescer nossas descobertas.

martha medeiros